domingo, 10 de junho de 2012

Lançaram-me peônias.

Postado por Aline Theodoro. às 21:33
Já falei que flores tem cheiro de morte? Agora é como se elas tivessem algum poder corrosivo.  Lançaram-me flores, flores com uma suavidade inexplicável. Mas afinal, suavidade não quer dizer presença. Só eu posso dizer o que aquelas flores me causaram. Recebi rosas numa manhã dessas, só eu posso dizer como os espinhos cravaram em meus dedos, nos meus punhos, e depois no corpo inteiro. Eu disse que odiava flores, mas como eu queria flores. Cara, dê-me peônias. Peônias azuis, isso existe? Caminhei no jardim dos meus sonhos, dentro do meu sonho, e então havia orquídeas por toda parte, eu não precise tocar nelas para que fizessem minha garganta arder, e então havia lágrimas escorrendo por um rosto tão inútil. Andei por todos os lugares possíveis, andei dentro da minha superfície. Sou eu todo esse lugar amontoado de desilusões, ou talvez expectativas ilusionistas. Tanto faz, não é? E tinha neblina refletindo meu caminho e meus olhos continuavam ardendo, inchados. Um homem veio em minha direção. Não trazia flores, não trazia nada. QUEM É VOCÊ? Berrei inúmeras vezes, não obtive resposta alguma. Nem com ele, nem com as flores. Todos se impregnavam em minha vida, tiravam tudo que eu tinha. CADA UM DELES, CADA UM DELES TIRAVA MEU TUDO. E então, estava eu aqui, vazia. E, cara, você não sabe mesmo como é se sentir vazio, é melhor ser torturado por qualquer sofrimento involuntário, qualquer sensação absurda do que não ter porcaria nenhuma dentro do teu peito. Em meio a neblina ganhei o verdadeiro beijo da morte. Mas foi porque eu deixei isso acontecer, deixei acontecer no momento que deixei um usurpador entrar em minha vida e roubar quase tudo, nada visível, de mim. Mas enfim, o que importa é o que está me rondando constantemente. Lançaram-me peônias. Aquelas que eu pedi, lembra? E você não vai acreditar, elas são as mais agonizantes.

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